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segunda-feira, 17 de junho de 2019

Semana de montagem. Semana de edição.

De fato, por muito tempo, o momento que eu mais anseio é este: o da semana de montagem. É raro, fazendo teatro no Brasil, ter o teatro com antecedência. Geralmente as montagens são feitas de modo apressado e é justo neste período - de montagem - onde muitas vezes se encontra o espetáculo, quando se torna realmente possível editar a peça (com trilha sonora, iluminação, no espaço e com o cenário, com figurino e demais escritas que são fundamentais à criação).

No caso desta estreia, com o patrocínio do Banco do Brasil, estamos entrando no Teatro III com oito dias de antecedência à nossa estreia. Não é muito, mas não é pouco, de forma alguma. É o tempo necessário para reconhecer o espaço, para sentir o tamanho dos gestos e movimentos, dosar as intensidades da cena e por aí vai. Nesse caso específico, nosso cronograma diz muito respeito à chegada do cenário. Ele chegará fracionado, um pouco terça, um pouco quarta e, apenas na sexta, estará "completo".

Prancha cenográfica - Por Elsa Romero


Muito ainda a ser descoberto nesses dias de montagem, de edição do espetáculo. Mas é assim mesmo. Há algo anterior que foi fundado. A relação como o ator Márcio Machado agencia nossa trama está potente, ele tem a peça nas mãos e, talvez, agora, nessa reta final, para não estarmos no controle, vem todo esse aparato cênico e chacoalha um pouco a nossa segurança. Tudo sairá bem, naturalmente. Estamos atentos a esse fato, à necessidade de um constante cuidado para que tudo sirva à cena, ainda que possa desnorteá-la um pouco.

Especificamente, aquilo que ainda não faço ideia diz respeito à dimensão visual e sonora do espetáculo. Não consigo sequer imaginar. Ainda que tenhamos feitos reuniões, trocado sobre os materiais e as materialidades, ainda assim, não faço ideia. Não sei qual tamanho, quais cores - de fato - vão ocupar o espaço da cena. Não faço ideia do que vai acontecer quando cenário e figurino se derem "oi". Não sei os volumes da trilha, não sei a luz, nada, mesmo. Porém, confio. O que me resta é confiar e, não como um mero resto, confiar é a nossa medida, o nosso valor, nossa força maior.

Confio nessa profusão de incríveis artistas que nos acompanham nessa criação. Confio no temor deles, confio integralmente em sua dúvida que, mesmo hesitante, segue o fluxo do movimento criativo. Estamos compondo, buscando, vagando e afirmando, refazendo e perdendo, isso para mim é estar em criação. Por isso reforço: semana de montagem é semana de edição. Quando as ações se inscrevem no espaço e vamos, através do tempo (timeline), cortando, costurando, compondo juntos as linhas de ação do espetáculo.

terça-feira, 4 de junho de 2019

Mês da estreia...

Junho de 2019. Chegou. Hoje é dia 04 de junho e em 22 dias estrearemos o nosso YELLOW BASTARD. Tudo segue em movimento. Ontem fiz uma ligação de vídeo com a nossa cenógrafa Elsa Romero, troquei mensagens com toda a equipe e, após passar uma semana em Buenos Aires (fazendo outro trabalho), voltei para ficar. Estamos com as cenas todas levantadas e bem trabalhadas. As duas últimas cenas - cenas 8 e 9 - foram levantadas na semana passada e ontem pelo Andrêas e o Márcio. Volto à sala de ensaio daqui a pouco para afinarmos juntos o fim da nossa narrativa.

Tudo caminhando também com o patrocínio, com o patrocinador, o Banco do Brasil (pelo Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB). Muita documentação, assinaturas etc. É algo muito novo para a companhia, logo após completarmos dez anos de trajetória e muito trabalho. Eu e Clarissa Menezes, produtora, estamos cuidando de tudo e acreditamos que tudo corre bem. Muito a fazer, muito a decidir, os prazos minimamente protegidos, o desejo imenso, querendo fazer acontecer. Ainda não sei dizer o que é essa criação, nem muito bem qual é a cara dela.

A calma, a calma... Ela é tudo em um processo criativo. É agora o momento em que as peças começam a se encaixar e, juntas, trabalhando juntas (as diversas ações...), vemos brotar uma nova criação. Já sei disso faz muito tempo, mas é lindo que seja sempre tão novo e tão inédito.